Gaby Teles

Gaby Teles
" Eu queria que você fosse um estranho de quem eu pudesse me desligar"

sábado, 3 de abril de 2010

Computadores não devem jogar dados

Redação do Site Inovação Tecnológica - 31/03/2010

O brasileiro Luis Ceze, cientista da computação atualmente lecionando na Universidade de Washington, explica porque os múltiplos processadores fazem com que os computadores atuais pareçam jogar dados. [Imagem: Cedida pelo autor]

Ao discordar da então nascente Mecânica Quântica, Einstein afirmou que aceitar suas bizarras leis seria o mesmo que afirmar que Deus estaria jogando dados no Universo.
O brasileiro Luis Ceze, cientista da computação atualmente lecionando na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, restringe um pouco mais suas preocupações: segundo ele, computadores não devem jogar dados. Computadores indecisos
Para Ceze, se você inserir o mesmo comando no computador, ele deve sempre dar a mesma resposta.
E isso talvez possa soar estranho para a maioria dos usuários de computador, e mais ainda para os verdadeiramente apaixonados por tecnologia - mas a verdade é que isto está longe de ser verdade.
Segundo Ceze, os computadores mais modernos costumam se comportar de forma largamente imprevisível.
"Com os sistemas mais antigos, com apenas um processador, os computadores se comportam exatamente da mesma forma contanto que você dê a eles os mesmos comandos. Mas os computadores atuais, de múltiplos processadores, são não-determinísticos. Mesmo se você der a eles o mesmo conjunto de comandos, você poderá obter um resultado diferente," afirma o pesquisador.
Bugs nos computadores multi-core
Nos velhos tempos, cada computador tinha um processador. Mas todos viram que isso não era tão bom quanto poderia ser. Ou, pelo menos, não tão rápido.
O resultado é que hoje as máquinas vendidas no comércio têm vários processadores - estar atualizado exige adquirir um computador dual-core, ou mesmo quad-core. E isso falando apenas dos computadores domésticos. Os supercomputadores têm milhares de processadores rodando paralelamente.
De certa forma as coisas melhoraram, porque os computadores de múltiplos processadores rodam os programas mais rapidamente, custam menos e gastam menos energia.
Por outro lado, vários processadores são responsáveis por erros difíceis de rastrear, que frequentemente fazem os navegadores e outros programas travarem de repente.
"Com os sistemas multi-core, a tendência é ter mais bugs, porque é mais difícil de escrever código para eles," afirma Ceze. "E lidar com estes bugs simultâneos é muito mais difícil."

Caos nos computadores
Para Ceze, o que acontece é o mesmo clássico problema do caos, frequentemente exemplificado pelo bater das asas de uma borboleta que inicia um processo que vai acabar em um furacão do outro lado do globo.
O compartilhamento de memória dos computadores modernos exige que as tarefas sejam continuamente transferidas de um lugar para outro. A velocidade na qual essas informações viajam pode ser afetada por pequenos detalhes, como a distância entre as peças do computador, ou mesmo a temperatura dos fios.
Com isto, a informação pode chegar ao destino em uma ordem diferente, o que causa erros inesperados e difíceis de prever, mesmo no caso de instruções que rodaram bem centenas de vezes antes.

Computadores que não jogam dados


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O protótipo do sistema, chamado Jinx, permite reproduzir os erros, facilitando o processo de debugar o programa rodando em computadores de múltiplos processadores. [Imagem: Divulgação]
 
Incomodado com essa incerteza, Ceze e seus colegas afirmam ter desenvolvido uma técnica para tirar os dados das mãos dos computadores, fazendo com que os sistemas multi-core mais modernos também se comportem de forma previsível.
A técnica consiste em subdividir os conjuntos de comandos dados ao processador e enviá-los sempre para locais específicos, eliminando a variabilidade existente hoje, que acaba por tirar os dados de ordem.
Os conjuntos de comandos são calculados simultaneamente, de forma que o programa bem-comportado continua rodando mais rápido do que aconteceria em um computador com um único processador.
Um programa baseado na nova técnica foi apresentado durante a International Conference on Architectural Support for Programming Languages and Operating Systems, que aconteceu em Pittsburgh, na semana passada.

A vantagem de repetir os erros
Um dos grandes méritos do programa que Ceze e seus colegas desenvolveram é que ele permite reproduzir os erros, facilitando o processo de debugar o programa - seguir o funcionamento do programa passo a passo de forma a localizar a fonte do erro.
"Nós desenvolvemos uma técnica básica que poderá ser usada em uma grande variedade de sistemas, de telefones celulares até data-centers", afirma Ceze. "Em última instância, eu quero tornar realmente fácil para as pessoas projetarem sistemas de alto desempenho, com baixo consumo de energia e seguros."
Os resultados do programa são tão promissores que Ceze e seus colegas fundaram uma empresa, a PetraVM, para comercializar sua criação.

Programa sequestra pixels para controlar aplicativos comerciais

Redação do Site Inovação Tecnológica - 31/03/2010

A técnica consiste em "sequestrar" o controle do monitor, usando um software que se coloca entre programa cuja aparência se quer controlar e a própria tela. [Imagem: PreFab]

Todos os programas livres?

Que tal se todos os programas de computador fossem livres, de código aberto?
Qualquer programador poderia então ser capaz de adicionar funcionalidades personalizadas ao Microsoft Word, ao Adobe Photoshop, ao iTunes ou a qualquer outro programa.
Este é um sonho virtualmente impossível, apesar dos inúmeros projetos de código aberto que reproduzem grande parte das funcionalidades desses programas comerciais.
Sequestrando os pixels
Mas logo será possível mexer na aparência de todos esses programas comerciais, sem violar qualquer patente ou propriedade intelectual dos fabricantes de software.
A possibilidade foi criada pelo projeto PreFab, idealizado por um grupo de cientistas da computação da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
"A Microsoft e a Apple não estão caminhando rumo ao código livre. Mas elas criam programas que colocam pixels na tela. E se pudermos modificar os pixels, então nós podemos mudar o comportamento aparente do programa," explica o professor James Fogarty.
A técnica consiste em "sequestrar" o controle do monitor, usando um software que se coloca entre o programa cuja aparência se quer controlar e a própria tela.
Personalização de programas comerciais
"Nós realmente vemos isto como um primeiro passo rumo a um cenário onde qualquer pessoa poderá modificar qualquer aplicação," diz Fogarty. "Em certo sentido, isso já tem acontecido nos aplicativos online. Você chegou a essa cultura dos mash-up na web porque todo mundo pode ver o HTML. Mas isso ainda não se tornou possível nos aplicativos locais."
Hoje, uma única página da web pode incluir um mapa do Google, um vídeo do YouTube e uma lista das últimas manchetes do noticiário. É isto que o professor Fogarty quer viabilizar com os aplicativos comerciais.
"Digamos que eu esteja escrevendo um documento no Microsoft Word, mas quero ouvir música ao mesmo tempo," explica Morgan Dixon, coautor do projeto. Em vez de ficar alternando entre as janelas do Word e do iTunes, o PreFab permite a inclusão de alguns botões do iTunes diretamente na barra de ferramentas do Word.

Ferramentas de acessibilidade

O PreFab permite a inclusão de funcionalidades para deficientes, como o cursor bolha, que se expande para mostrar um botão que estiver nas imediações. [Imagem: PreFab]


A técnica pode ser utilizada também para inserir funcionalidades criadas por programas especializados, mas que ainda não estão disponíveis nos aplicativos comerciais.
Essa possibilidade é especialmente atraente para as ferramentas de acessibilidade. Muitas delas, segundo os pesquisadores, estão empoeirando nos laboratórios de pesquisas ao redor do mundo, sem chegarem aos usuários.
Uma dessas ferramentas, por exemplo, o cursor bolha, destaca o botão próximo a ele, tornando mais fácil para as pessoas com deficiência clicarem nele sem precisar colocar o ponteiro do mouse exatamente em cima do botão.
"A comunidade científica pesquisa a interação humano-computador há 30 anos, buscando formas de tornar os computadores mais acessíveis a pessoas com deficiência. Mas nenhuma técnica é perfeita para todos os deficientes," disse Fogarty. "É por isso que você não encontra essas ferramentas no mercado."
Em seus experimentos, Fogarty e Dixon mostraram a primeira implementação de um cursor bolha em vários aplicativos comerciais. E, segundo eles, o mesmo poderá ser feito para várias outras ferramentas de acessibilidade.

Controle da interface

A ferramenta tira proveito do fato de que quase todas as telas dos programas consistem de blocos pré-fabricados de código, tais como botões, barras, caixas de seleção e menus. O Prefab analisa cada um desses blocos até 20 vezes por segundo, alterando o seu comportamento.
O sistema pode, por exemplo, traduzir a interface de um programa para um idioma diferente, ou reordenar os menus para facilitar o acesso aos comandos mais usados. Efeitos mais avançados também são possíveis, como a criação de múltiplas visualizações de uma mesma imagem no Photoshop.

O século XXI irá representar 20.000 anos de progresso humano

Em um mundo onde as descobertas são quase sempre resultado de esforços conjuntos, de trabalhos realizados em laboratórios com vários profissionais, multidisciplinares e, muitas vezes, reunindo vários laboratórios ao redor do mundo, Raymond Kurzweil ainda parece trabalhar à moda antiga. Não que ele dispense os colaboradores, mas a forma com que apresenta seus trabalhos e idéias torna este americano nascido em 1.948 um dos expoentes do mundo científico atual. Ao contrário da maioria dos cientistas, que não vêem uma conexão possível entre a ciência e as profecias, Raymond Kurzweil não se intimida em emitir previsões para as décadas futuras. E para mostrar que acredita realmente no que diz, ele apostou US$20.000,00 que, em 2.029, uma máquina será capaz de passar pelo teste de Turing. O valor da aposta foi depositado junto à Long Bet Foundation, uma instituição dedicada a imaginar o futuro. O teste de Turing consiste em que uma máquina consiga simular um ser humano. Uma pessoa deve interagir com o computador por meio de um terminal, através unicamente de texto. O computador passa no teste se a pessoa não for capaz de distinguir se está conversando com uma pessoa ou com um computador. Não há restrições sobre os assuntos que a pessoa possa conversar com o computador. Qualquer coisa dentro da experiência humana é válido, seja arte, ciência, história pessoal ou relações sociais. A linguagem também é livre e metáforas podem ser usadas como em uma conversa normal. Os experimentos atuais de Inteligência Artificial ainda nem se aproximam de tamanha sofisticação. Mas Kurzweil não parou por aí. Falando em uma Conferência sobre sensores, ele disse que, em 2.030, nanosensores poderão ser injetados na corrente sanguínea de uma pessoa, implantando microchips que poderão amplificar ou mesmo suplantar diversas funções cerebrais. As pessoas poderão então compartilhar memórias e experiências íntimas emitindo suas sensações como ondas de rádio para os sensores de outra pessoa. Em sua palestra intitulada "The Rapidly Shrinking Sensor: Merging Bodies and Brain" (O Rápido Encolhimento dos Sensores: Juntando Corpo e Cérebro), Kurzweil disse que a realidade virtual poderá ampliar as sensações humanas, permite até que uma pessoa altere espontaneamente sua identidade e até aja como se tivesse outro sexo. Estas afirmações deliberadamente provocativas poderiam ser apenas curiosidades caso não estivessem sendo feitas por um cientista recentemente agraciado com o National Inventors Hall of Fame, o mais importante prêmio dado nos Estados Unidos para pesquisadores individuais. O prêmio é dado anualmente pelo consagrado MIT (Massachussets Institute of Technology). O prêmio foi dado em reconhecimento ao trabalho de Kurzweil na área de reconhecimento de caracteres e voz. Ele inventou o primeiro sistema de reconhecimento de caracteres que trabalha com qualquer tipo de fonte, o primeiro scanner de mesa baseado na tecnologia CCD e o primeiro sintetizador texto-voz. Mas a lista de suas realizações inventivas chega a incríveis 27 "primeiro a ... ". Em sua palestra, o inventor e criador de meia dúzia de empresas ressalta que a taxa de progresso tecnológico está se acelerando. "Mudanças de paradigma exigem muito menos tempo hoje. O que levava 50 anos para se desenvolver no passado não irá tomar 50 anos no futuro." disse o cientista. Segundo ele, cem anos de progresso poderão ser facilmente reduzidos para 25 anos ou menos. "A Lei de Moore é apenas um exemplo: todo o progresso do século XX pode duplicar-se nos próximos 14 anos.", disse Kurzweil. "De certa forma, o século XXI irá representar 20.000 anos de progresso. Com tal aceleração, torna-se possível visualizar uma interação com a tecnologia que era anteriormente reservada para escritores de ficção científica." As tendências atuais tornarão possível a engenharia reversa do cérebro humano por volta de 2.020. E US$1.000,00 de custo de computação, o que mal cobria o custo de um processador 8088 em 1.982, irá oferecer 1.000 vezes mais capacidade do que o cérebro humano em 2.029. A engenharia reversa do cérebro refere-se a um possível mapeamento de cada região do cérebro. Modelos matemáticos seriam construídos para que se reproduza o comportamento de cada uma destas regiões. O passo natural seguinte seria a construção de máquinas - circuitos eletrônicos - que desempenhassem as mesmas funções ou então a programação de computadores com algoritmos que simulassem estas regiões. Todas juntas poderiam formar um cérebro virtual ou um cérebro eletrônico. É daí que emerge o nome de sua palestra. Segundo o professor-visionário, os sensores são elementos-chave nessa tecnologia. Serão eles os responsáveis pela captação dos diversos impulsos vindos de cada parte do cérebro ou de cada parte do corpo, repassando os impulsos entre as porções virtuais. Kurzweil é um entusiasta de sua principal área de pesquisa, a Inteligência Artificial. Ele citou o desenvolvimento de uma personalidade virtual, uma atendente que auxilia os viajantes a montarem seu roteiro de viagem, reservar as passagens e escolher a poltrona. O sistema, baseado em reconhecimento e sintetização de voz, está em pleno funcionamento na empresa aérea britânica British Airways. Durante a palestra, ele apresentou também Ramona, a atendente virtual que recebe os visitantes em seu site. "Inteligência Artificial trata de fazer com que os computadores façam coisas inteligentes. Em termos de senso comum, os humanos são mais avançados do que os computadores... ainda que o cérebro humano faça apenas cerca de 200 cálculos por segundo. Os equipamentos de computação disponíveis em 2.030 serão capazes de fazer 100 trilhões de conexões e 1026 cálculos por segundo." disse Kurzweil. Atualmente, vários fabricantes e laboratórios de pesquisa já possuem protótipos avançados de computadores de vestir. Sensores magnéticos e de rádio-freqüência embutidos nas roupas são capazes de permitir uma troca de cartões de visitas através de um simples aperto de mão. Extrapolando tais experiências, Kurzweil diz que logo será possível que os interlocutores intercambiem todos os seus cinco sentidos. Extrapolando ainda mais, Kurzweil afirma que, entre 2.030 e 2.040, inteligência não biológica poderá se tornar dominante. O curioso é que sua perspectiva futurística rejeita a visão tradicional dos ciborgs ou robôs humanóides. Ao contrário de dar sentidos humanos a uma máquina, o cientista acredita que os humanos poderão receber injeções de máquina em suas veias. A tendência "é a imersão total de realidade virtual no interior de nosso sistema nervoso, o que envolverá milhões ou mesmo bilhões de nanobots comunicando-se de forma não invasiva através de nosso sistema nervoso." Implantes da cóclea (parte anterior do labirinto humano) já permitem a restauração da audição de vários pacientes. Chips implantados também têm mostrado resultados animadores no controle muscular de pacientes com mal de Parkinson. Mas o professor não deixou de mostrar também o lado negro das suas visões. Uma das maiores ameaças da nanotecnologia, que a maioria dos cientistas reputam apenas como delírio de ficção, é a possibilidade de que máquinas microscópicas possam construir outras iguais a si mesmas, criando um fenômeno de auto-multiplicação. Segundo Kurzweil, no futuro, nanomáquinas auto-replicantes poderão se transformar em uma espécie de câncer. Mas, para não terminar de maneira ameaçadora, ele ressaltou que há, na tecnologia, muito mais coisas para nos libertar do que para nos ameaçar. Para aqueles que gostariam de ser tão inventivos quanto o professor Kurzweil, ele dá a receita. Antes de dormir, deve-se pensar em um problema, sem tentar resolvê-lo. Pela manhã, enquanto a grande maioria das pessoas desperta diretamente do sonho para a vigília, Kurzweil afirma conseguir ficar em um estado intermediário, como que sonhando acordado, o que ele chama de sonho lúcido. Segundo ele, "enquanto você está dormindo, você não reconhece tabus sexuais ou sociais e outras inibições também estão relaxadas. Mas o que falta no estado de sonho total é o lado racional e lógico. Quando está sonhando algo esquisito, você não pensa: 'isto é estranho.'. No estado de sonho lúcido você pensa isto e é isto que torna este um momento de criatividade único.



Ray Kurzweil é autor dos livros A Era das Máquinas Espirituais e A Era das Máquinas Inteligentes.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Tecnologia estanque

IMPERMEABILIZAÇÃO - PINI 60 ANOS
Tecnologia estanque
Desenvolvimento de novas matérias-primas permitiu aos fabricantes ampliar a diversidade de sistemas de impermeabilização asfálticos e não-asfálticos




Por Renato Faria

Os números informados por uma fabricante de sistemas de impermeabilização mostram o nível de maturidade em que chegou esse segmento: se no início da década de 1990 eram apenas 15 ou 20 produtos disponíveis em seu catálogo, hoje chegam a mais de 150.

Uma extensa gama de produtos e sistemas de impermeabilização surgiu na década de 1970 - mantas e emulsões asfálticas, emulsões acrílicas, sistemas à base de epóxi e à base de cimento modificado com polímeros. No entanto, de acordo com Flávio de Camargo Martins, coordenador técnico de uma empresa associada ao IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização), apesar de alguns desses sistemas terem se popularizado entre os construtores, outros acabaram caindo no ostracismo. "Devido ao alto custo e pequena disponibilidade de matérias-primas no mercado nacional, [esses produtos] não emplacaram e acabaram ficando restritos a campos de aplicação específicos", explica Martins.

Porém, veio a década de 1990 e a situação mudou. No segmento de mantas, destaca-se o desenvolvimento de mantas asfálticas de alta performance, modificadas com novos tipos de polímeros, que incrementaram o desempenho e a durabilidade desses sistemas.

Introdução de novas resinas permitiu aprimorar sistemas de membranas acrílicas cimentícias
Também surgiram as mantas com revestimentos variados, como alumínio, ardósia e poliéster pintável, para uso em áreas de tráfego leve e que dispensam aplicação de revestimentos protetores. Mantas anti-raiz, que incorporam herbicidas, também são exemplos de novos produtos.


Segundo Marcos Storte, gerente de negócios de outra empresa membro do IBI, a introdução de novas resinas permitiu o desenvolvimento de mais produtos também no segmento de impermeabilização moldada "in loco". Martins concorda, ressaltando o surgimento de matérias-primas de polímeros acrílicos com maior flexibilidade e menor absorção de água.

Emil Fehr, gerente de marketing de outro fabricante associado à entidade, explica que o mercado brasileiro tem visto surgir diversos produtos de base não betuminosa com características "interessantes". No entanto, alerta, muitos produtos importados foram desenvolvidos para realidades diferentes da brasileira - como clima, sistemas construtivos, disponibilidade de certos insumos etc. - e não necessariamente são soluções que se ajustem à realidade do País. "O ideal é a utilização de produtos que já estejam previstos em uma norma técnica brasileira", afirma.

Linha do tempo

Década de 1920
> A impermeabilização dos primeiros edifícios no Brasil era feita com piche, e o asfalto era importado principalmente da Alemanha e da Suíça. A tendência de aplicação do produto se estendeu até a década de 1940.

Década de 1930
> O engenheiro Otto Baumgart traz da Europa um produto composto de sais metálicos e silicatos, aplicável a sistemas rígidos, misturados às argamassas e concretos. O material é usado até hoje.

Década de 1950
> Década de criação da Petrobras, do Conselho Nacional de Petróleo e da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. A indústria brasileira de impermeabilização se desenvolve, lançando novos produtos no mercado. Surgem as emulsões e soluções asfálticas, além de feltros asfálticos e asfalto oxidado, todos produtos nacionais.

Década de 1960
> Cresce a penetração no mercado dos elastômeros sintéticos (neoprene e o hypalon). Começa, também nessa época, a fabricação das primeiras mantas elastoméricas butílicas. Com notável elasticidade e boa durabilidade, o produto representou um salto de qualidade da impermeabilização na construção brasileira. Resistente a grandes variações térmicas e a intempéries, as mantas butílicas são adequadas para uso em estruturas sujeitas a grandes movimentações.

Década de 1970
> A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) cria a primeira comissão de estudos de impermeabilização. As primeiras normas técnicas surgem na metade da década.
> As obras do Metrô de São Paulo impulsionam o desenvolvimento da tecnologia de impermeabilização no País. Cresce a preocupação com a análise e especificação dos materiais.
> É fundado o IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização), para difundir informações técnicas a aplicadores, fabricantes, construtores, usuários e profissionais de órgãos públicos e outras entidades.

Década de 1980
> Mercado começa a utilizar mantas de EPDM, produto elastomérico de características semelhantes às das mantas butílicas. Surgem também as mantas asfálticas com armadura de poliéster não-tecido que se aderem à base por asfalto oxidado a quente.

Décadas de 1990 e 2000
> São desenvolvidas mantas com acabamentos diversos, como alumínio, ardósia e poliéster pintável. Novas matérias-primas conferem maior resistência mecânica e química a mantas, emulsões e sistemas de impermeabilização rígida.


Conheças alguns produtos

                               Proteção dupla

Usada em superfícies onde não há margem de tolerância para infiltrações e vazamentos, essa manta combina duas camadas redundantes de impermeabilização: uma membrana termoplástica junto a uma manta geotêxtil de bentonita. A primeira, de alta resistência mecânica, funciona como uma camada de proteção passiva contra infiltrações. No entanto, caso essa primeira membrana falhe e se rompa, a manta geotêxtil entra em ação promovendo proteção ativa por meio da bentonita sódica, que, em contato com a água, expande-se e se torna impermeável.



Fitas auto-adesivas

Utilizadas na colagem de mantas de EPDM, o produto funciona como uma fita dupla face de alto desempenho. A fita reduz o tempo de execução da impermeabilização das estruturas. Pode ser aplicado a mantas aderidas à laje, mecanicamente fixadas ou flutuantes. Proporciona aumento de produtividade - o serviço pode ser feito até duas vezes mais rápido, de acordo com o fornecedor.



Membranas EPDM

As membranas de borracha EPDM são resistentes aos raios UV, ao ozônio e à degradação por calor. Mesmo submetidas a baixas temperaturas, continuam com alta flexibilidade. Podem alongar-se em mais de 400%, o que lhes confere alto poder de absorção de movimentação da estrutura impermeabilizada.



Mantas anti-raiz

A adição de herbicida à base de asfalto no processo de produção é a principal característica das mantas asfálticas anti-raiz. Isso proporciona ao produto proteção contra o ataque de raízes de plantas, que podem perfurar a manta, afetando o sistema de impermeabilização.




Aderência a frio

As mantas auto-adesivas dispensam o uso de maçarico ou emulsão asfáltica, reduzindo os riscos para os aplicadores quanto a queimaduras e exposição a gases tóxicos. Sua face superior é revestida com várias lâminas entrecruzadas de PEAD (Polietileno de Alta Densidade), que proporcionam estabilidade dimensional, resistência a rasgos, puncionamentos e impactos. A faixa adesiva fica na extremidade inferior da manta. Sua aplicação deve ser feita sobre superfície limpa e revestida com primer.

Manta para piscinas
De aparência semelhante à das demais mantas do mercado, as mantas especiais para piscinas apresentam maior resistência mecânica para suportar a carga dinâmica da água contra a estrutura. À base de asfalto, o produto é estruturado com uma camada de não-tecido em poliéster e coberto com filme de polietileno.

Cristalização capilar
Aplicado em forma de pasta, o impermeabilizante por cristalização capilar penetra na matriz do concreto. Em contato com a água, seus componentes químicos são ativados e cristalizam-se, vedando fissuras e microcanais que se formam no concreto. O processo funciona com pressão d'água positiva ou negativa. Compatível com concretos, blocos e argamassas, o produto não tóxico pode ser usado inclusive em reservatórios de água potável. Dispensa longos períodos de cura.
Manta isolante
As mantas asfálticas revestidas, na face exposta, com filme de alumínio refletem grande parte da radiação solar, proporcionando maior isolamento térmico ao ambiente, além da impermeabilização em si. Aplicável em estruturas não transitáveis, o produto também dispensa proteção mecâ